Geossítio 26 Glaciação Ordovícica
Neste geossítio observam-se evidências da glaciação que ocorreu no final do Período Ordovícico (Hirnantiano), há cerca de 445 milhões de anos. Esta terá sido a mais intensa glaciação de que há registo, desde que apareceram organismos multicelulares, e que foi responsável pela extinção de mais de 80% das espécies marinhas que povoavam os mares dessa altura.
Esta glaciação teve o seu máximo no noroeste de África, onde então se situava o Polo Sul e foi responsável por um abaixamento significativo do nível do mar, tendo contribuído para o hiato deposicional, com cerca de 15 milhões de anos, verificado nas rochas que afloram nesta região. Neste sentido, e no período pós-glaciário, há cerca de 444 milhões de anos, em latitudes paleoantárticas, começaram por se depositar areias, que originaram quartzitos maciços da base da Formação Sobrido, que localmente formam um relevo residual designado por Galinheiros.
Estes níveis quartzíticos foram posteriormente cobertos por siltes e argilas que originaram os greso-xistos, onde se intercalaram os dropstones (fragmentos rochosos – clastos libertados por um iceberg depositados no fundo do mar), já na parte média e superior da Formação Sobrido. Aqui é possível encontrar clastos inseridos na matriz xisto-gresosa, que testemunham a ocorrência de uma autêntica «chuva de clastos», resultante da fusão dos icebergs que se então encontravam à deriva no oceano Rheic.
O topónimo «Galinheiros» deverá estar relacionado com a hipotética elevada quantidade de galinholas que no passado aqui existiriam. Na época medieval, terá sido um ponto de referência e marco de limitação de influências territoriais, como atestam documentos datados de 1153: «in uilla quos uocitant Canelas subtus mons Galliero discurrente ribulo Pauia territorio [de Arauka (?)]».
Este geossítio faz parte do Itinerário C: Paiva, o vale surpreendente.
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