Geossítio 6 Frecha da Mizarela
A mais alta e uma das mais belas cascatas de Portugal continental.
A queda de água da Frecha da Mizarela surpreende-nos logo ao primeiro olhar. Aqui o rio Caima ganha todo o seu esplendor, despenhando-se a mais de 60 metros de altura. Pode ser apreciada a partir do Miradouro existente próximo da aldeia da Mizarela, a partir da aldeia da Castanheira ou pelos trilhos do percurso geoturístico de Pequena Rota PR7, intitulado «Nas escarpas da Mizarela».
As encostas íngremes que circundam a queda de água apresentam um verde luxuriante, com relíquias da vegetação primitiva da Serra da Freita. Da Laurissilva persiste, na base da Frecha, o rododendro (Rhododendron ponticum subsp. Baeticum) e nas escarpas observam-se as árvores representativas da Fagossilva, com ênfase para o carvalho-alvarinho (Quercus robur) e o carvalho-negral (Quercus pyrenaica), entre outras espécies raras e protegidas.
É a geologia, através do desgaste e erosão das rochas que afloram na região (xistos e granitos), que justifica a formação desta queda de água, apetecível para os praticantes de canyoning e da escalada clássica. Este geossítio, de relevância nacional, integra o itinerário A «Freita, a Serra Encantada» da Rota dos Geossítios do Arouca Geopark.
Por fim, este local e a paisagem da Serra da Freita inspirou também o escritor Abel Botelho que dedicou um conto à Frecha da Mizarela no seu livro «Mulheres da Beira», mais tarde adaptado ao cinema, pelo olhar do realizador Rino Lupo.
Informação Geológica
A geologia explica-nos como terá sido formada esta queda de água, classificada como geossítio de relevância nacional. Na Serra da Freita, o Granito da Serra da Freira e xistos (metassedimentos ante-Ordovícicos) estão em contacto, numa faixa que conseguimos observar entre o geossítio Contacto Litológico da Mizarela e a parede de escalada de Cabaços.
Ora, sendo o xisto menos resistente do que o granito, o rio Caima, por meteorização e erosão, talhou um profundo vale na rocha xistenta, criando o desnível superior a 60 m, que faz com que as suas águas se despenhem e criem a sumptuosa queda de água. Adicionalmente, admite-se que as falhas existentes na Serra da Freita tenham também contribuído para a sua existência.