Geossítio 16 Minas de Rio de Frades
Alimentando a fúria dos alemães!
Recuamos até 1915, ano em que foram concedidos os primeiros alvarás para exploração das minas de Rio de Frades. Em 1923, foi fundada a Companhia Mineira do Norte de Portugal, com capitais alemães, passando a ficar conhecida como “Companhia Alemã”. O seu objetivo era obter minério (volfrâmio) para produção de material bélico. Em 1941, em plena II Guerra Mundial, dá-se o pico da exploração e exportação de volfrâmio para a Alemanha, chegando a Rio de Frades centenas de trabalhadores, vindos de todo o norte do país, em busca de minerais de volframite nas rochas xistentas desta região.
O rio de Frades, importante linha de água que atravessa a região, é considerado um dos melhores rios do país para a prática de canyoning, permitindo saltar e/ou mergulhar nas suas águas cristalinas. A aventura de descer o Frades, em canyoning, termina na galeria mineira do Vale da Cerdeira, que nos permite embrenhar no interior da Terra e testemunhar a existência de ligações a muitas outras galerias que são hoje importantes refúgios para colónias de morcegos. Esta região é também ponto de saída ou chegada dos percursos geoturísticos PR6 e 8, percursos lineares, com cerca de 6 km de extensão e palco das míticas provas de trail «Meia Maratona Zemou», «Voltas do Impossível» e «Ultra Trail da Serra da Freita».
As minas de Rio de Frades integram o percurso Região Mineira do Iter Hominis.
Informação Geológica
A Companhia Alemã foi a empresa com mais concessões, o que levou a ter, ao seu encargo, uma maior área de exploração, permitindo aos alemães investimentos e melhorias como a construção de uma estrada, a partir de Arouca, ou o fornecimento de eletricidade à aldeia. Para além das galerias e das escombreiras, hoje ainda conseguimos observar instalações mineiras dispersas por três núcleos principais: a aldeia tradicional, com casas em xisto; o “Bairro de Cima”, um conjunto de residências onde se alojava o pessoal técnico e administrativo das minas (algumas delas ainda hoje ocupadas); e um núcleo principal da área de trabalho das minas, localizado ao fundo do vale, com edifício de escritório, posto de socorros e consultório médico, lavaria, tanques de decantação, oficinas e a Capela de Santa Bárbara (hoje em ruínas), padroeira dos mineiros.
A exploração das Minas de Rio de Frades relaciona-se com a exploração de tungsténio e estanho que ocorreu, no passado, na região de Arouca e que integra um conjunto de depósitos que ocorrem desde a Galiza a Castela (Espanha) atravessando o norte e centro de Portugal, definindo a designada “Província metalogenética estano-volframítica Ibérica”. Esta ocorrência torna Portugal o país da Europa mais rico neste minério, razão pela qual foi cobiçado pela Inglaterra e pela Alemanha, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, dada a utilização deste minério no fabrico de armas e munições. O jazigo de W-Sn de Rio de Frades situa-se ao longo de um sistema de falhas, com direção aproximada N-S, ocorrendo em rochas metamórficas e a ocidente do plutonito de Regoufe. Os efeitos metassomáticos provocados pela proximidade, em profundidade, de uma apófise do granito de Regoufe no extremo da auréola de contacto com as rochas metamórficas, terão sido os responsáveis pela mineralização de filões de quartzo ricos em volframite (mais abundante), cassiterite e, mais raramente, scheelite. A arsenopirite é o principal sulfureto identificado.