Geossítio 24 Panorâmica da Senhora da Mó
Ao chegar à Vila de Arouca é, praticamente, impossível não ser surpreendido pelo monte da Senhora da Mó e pela sua capela. Arouca é uma terra fortemente marcada por lendas “de mouros” e esta capelinha é disso testemunha. No seu interior, uma pintura de 1827 conta-nos que um cristão, preso numa arca de milho, com uma mó em cima e um mouro nela sentado, em 1027, lançou as suas súplicas a Nossa Senhora, para que o socorresse. Para grande espanto do mouro, a quem o cristão perdoou, as suas preces foram atendidas. Ao toque do sino, no dia seguinte, por milagre, o cristão apareceu libertado. A festa em honra de Nossa Senhora da Mó é um dos mais significativos convívios entre os habitantes do vale de Moldes e de Arouca e tem lugar todos os anos, a 8 de setembro.
Este local é um geossítio, de onde podemos desfrutar de uma belíssima vista panorâmica. Daqui distingue-se o vale do Arda, até às montanhas da Serra da Freita e as serranias do Gamarão. Avista-se, ainda, a Pedra Má, um afloramento rochoso muito duro e resistente, que divide este vale e terá impedido a passagem de sedimentos pelo Rio Arda. Sedimentos esses que, agora, preenchem e recortam o vale, tornando-o fértil e propício à fixação de comunidades.
A Capela da Senhora da Mó integra o percurso Centro Histórico do Iter Hominis.
Informação Geológica
O geossítio Panorâmica da Senhora da Mó localiza-se num ponto sobranceiro à vila de Arouca. Possui uma posição muito central relativamente ao território Arouca Geopark permitindo, por isso, ao visitante adquirir uma noção genérica da sua geomorfologia.
Aqui destaca-se o alvéolo de Arouca, onde está implantado o centro urbano de Arouca, assente em rochas quartzodioríticas (Quartzodiorito de Arouca), cujas características petrográficas lhe conferem particular propensão para a alteração, potenciada e incrementada pelas linhas de fragilidade tectónica, com direção predominante E-W. O alvéolo de Arouca é drenado pelo rio Arda, afluente do Douro, e encontra-se circundado a Sul pela serra da Freita e a Norte pelas elevações do Gamarão. A jusante, por contacto do quartzodiorito com os metassedimentos ante-ordovícicos, formou-se uma corneana, rocha localmente conhecida como «Pedra Má>» (G40), cuja elevada dureza e pouca alterabilidade terá funcionado como barreira, contribuindo para a retenção dos materiais de alteração no alvéolo de Arouca, evitando o seu escoamento pelo rio Arda. Estes sedimentos resultantes da erosão recente (Pleistocénico, <2,5 milhões de anos) das montanhas e dos vales, deram origem aos solos agrícolas férteis que aqui existem e que foram uma das razões principais para fixação das comunidades nesta região, ao longo dos tempos.
O monte da Senhora da Mó é também um local de culto religioso. Aqui ergue-se uma capela, de contornos muito peculiares, em honra da Senhora da Mó que, diz a lenda, salvou um cristão da escravatura dos Mouros. Preso dentro da caixa com uma mó por cima aproveitou os nós da corda para rezar fervorosamente, alcançando o milagre da libertação. Por isso, anualmente, nos dias 7 e 8 de setembro, celebra-se a festa em honra daquela que é considerada padroeira dos campos, das colheitas e dos animais e protetora contra as secas e as trovoadas. Diz-se que a Nossa Senhora da Mó é uma das «seis irmãs», uma vez que da sua capela é possível avistar igual número das ermidas de invocação mariana, localizadas em elevações orográficas a seu redor: Senhora do Monte (Arouca), Senhora da Laje (Arouca), Senhora de Santa Maria do Monte (Arouca), Senhora das Amoras (Castelo de Paiva), Senhora do Castelo (Cinfães) e Senhora da Guia (Oliveira de Azeméis).