História e Arqueologia

Ocupado pelos seres humanos desde tempos imemoriais, o Arouca Geopark guarda evidências de diversos períodos de ocupação humana, da pré-história à contemporaneidade.

Dólmens, castros, igrejas, pelourinhos e o Mosteiro são alguns dos sítios que foram deixados pelos que passaram ou habitaram este território.

O Arouca Geopark alberga cinco sítios arqueológicos classificados como Monumento Nacional, um como Sítio de Interesse Público, sete como Imóveis de Interesse Público e um como Monumento de Interesse Municipal.

Os vestígios da Pré-História no Arouca Geopark são observáveis nas várias regiões, do planalto serrano à zona poente do território.

Descubra alguns dos sítios deste período:

O espaço ganhou o nome do monumento funerário que o domina: uma grande sepultura megalítica coletiva, onde terão sido sepultados alguns dos mais antigos habitantes da Serra da Freita. A mamoa que envolve o sepulcro tem cerca de 35 metros de diâmetro, com um dólmen e corredor ao centro.

Mais informações em: Portela da Anta

Datado da Idade do Bronze, com cerca de 3.000 anos, apresenta aproximadamente 12 metros de diâmetro e 50 centímetros de altura.

Delimitado recentemente por um pequeno murete em pedra, as campanhas arqueológicas revelaram um pequeno tumulus coberto por terra e pedra. Ao centro, surgiu uma sepultura em fossa, coberta por uma grande laje em granito, onde terão sido depositados os restos mortais de um indivíduo, ou as suas cinzas.

Entre o espólio arqueológico encontrado, identificou-se um nódulo de «Pedra Parideira», colocada intencionalmente na base do monumento, cujo simbolismo se desconhece.

Num penedo granítico na Senhora da Lage é possível encontrar, em baixo-relevo, cascos de animais, provavelmente de bovinos, e um alinhamento de seis covinhas.

O seu verdadeiro significado está hoje perdido, mas acredita-se que, à semelhança de outras manifestações de arte rupestre, seriam uma forma de comunicação intra e inter grupos.

No monte do Senhor dos Aflitos, em Alvarenga, encontra-se um povoado com privilegiada dominância visual sobre o vale de Alvarenga e o Rio Paiva e que terá sido ocupado durante a Idade do Bronze (há cerca de 3.000 anos).

No cimo do monte, encontra-se uma capela privada em bom estado de conservação, mandada construir em 1892, em cumprimento de uma promessa.

A partir de 716 a.C., Roma esteve na génese de uma nova potência mediterrânica. No século II a.C., invadiram e conquistaram a Península Ibérica, habitada por populações de natureza relativamente pacífica, sendo a ocupação facilitada pela aculturação dos povos indígenas, no processo conhecido por romanização.

Estes são alguns dos sítios que mostram a ocupação, ou a passagem, dos romanos no nosso território:

Este arqueossítio foi descoberto no ano de 1987 e nele foram realizados diversos trabalhos arqueológicos em 1995-1997, 2001-2008, 2013 e 2018 que puseram a descoberto um significativo conjunto de ruínas. Os edifícios da Época Romana revelam diversas fases construtivas e configuram, no essencial, dois conjuntos.

A nordeste, veem-se duas paredes de um edifício de grandes dimensões, de planta ortogonal; a sudoeste existe uma outra construção, com vários compartimentos definindo, provavelmente, um pátio interno. Entre os elementos arquitetónicos mais notáveis, estão dois capitéis jónicos, em granito, certamente correspondentes à fase construtiva mais antiga.

No exterior da Igreja de Fermêdo existe uma lápide romana em mármore róseo. O epitáfio identifica a sepultura de Laetus, filho de Catura e natural de Aviobriga. A inscrição pode traduzir-se da seguinte forma: «Aqui está sepultado Laetus, de Aviobriga, filho de Caturo, que faleceu com 28 anos. Niger, seu irmão, mandou fazer este monumento segundo o seu testamento, de harmonia com a arbitragem de Quintus Laberius Exoratus, de Lisboa».

A Calçada Romana do Cruzeiro é uma via secundária que terá sido parte integrante do caminho que, partindo da cidade de Vissaium (Viseu), atravessaria todo o planalto serrano, seguindo em direção ao litoral.

Por esta via, terão circulado pessoas e mercadorias no correr do dia-a-dia, mesmo após a queda do Império Romano e, por essa razão, o seu pavimento terá sofrido profundos arranjos e reformulações, ao longo dos séculos, até chegar aos nossos dias.

As Conheiras, visíveis na margem direita do rio Paiva, no lugar de Janarde, são depressões e amontoados de seixos e calhaus rolados e lavados, resultado da exploração de ouro aluvionar, que aqui ocorreu durante o período romano.

Este fojo de exploração de ouro de período romano é também conhecido por Poço dos Mouros. A exploração dos filões auríferos foi feita em profundidade e com recurso ao choque térmico.

Sobre a rocha seria acesa uma fogueira, por longos períodos. Depois, era lançada água fria ou vinagre, causando a sua fracturação.

Nos patamares inferiores foram encontrados degraus e plataformas aplanadas onde terão existido meios mecânicos de elevação vertical que facilitavam a extração de materiais.

Arouca não ficou isenta dos nefastos efeitos da Invasão Muçulmana, que se iniciou no séc. VIII. Como a primeira fronteira a norte era definida pelo Rio Douro, Arouca assumiu, entre os séculos VIII e X, um papel essencial no conflito. No século X, em pleno período da Reconquista Cristã, neste lugar existia um pequeno cenóbio beneditino que, no século XIII deu lugar a uma nova comunidade constituída por filhas da mais alta nobreza, potenciando um desenvolvimento exponencial a partir deste último século, com a chegada da filha de um rei: D. Mafalda.

Descubra alguns dos sítios de Época Medieval:

O Castelo de Carvalhais, localizado em Alvarenga, era um castelo roqueiro da época da Reconquista (IX – XII), implantado num cabeço rochoso, de morfologia cónica, sobre um meandro do Rio Paiva. Um profundo fosso foi talhado na base, como forma de dificultar o acesso e aumentar a eficácia defensiva.

Ao longo de mais de 2000 anos, o monte de Valinhas foi ocupado pelo Homem. Nos inícios da época castreja, a dominância visual foi propícia à fixação de uma comunidade. As construções romanas que ocupariam grande parte do topo deste monte foram, parcialmente, destruídas ou reutilizadas durante a Idade Média, aquando do «encastelamento» deste lugar, algures entre os séculos X e XI.

No pequeno cabeço que aqui se eleva, instalou-se a parte mais expressiva da fortificação de cariz militar que, nos tempos da Reconquista Cristã, assegurava a proteção das fronteiras e da população. O Castelo de Arouca, roqueiro, de caráter local, integrava a rede defensiva a sul do Rio Douro, num território em permanente tensão com os muçulmanos.

A igreja matriz de Urrô terá sido edificada em período medieval, entre o final do séc. XII e o início do séc. XIII. O atual edifício resulta da reformulação desse primeiro templo, que terá ocorrido durante a 2ª metade do séc. 16. Este é um imóvel classificado como de Interesse Público. De características maneiristas, apresenta uma estrutura exterior inspirada em padrões medievais. O frontispício do templo, onde foi edificado um simples portal, é sobreposto por uma janela e pelo campanário, criando um espaço avançado que antecede o corpo da igreja.

Mais informações em Igreja de S. Miguel de Urrô.

Edificado entre os séculos XII e XIII, foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e é um dos raros exemplos do Românico no concelho de Arouca. Popularmente associado à passagem do cortejo fúnebre da Rainha Santa Mafalda, o significado deste monumento não é ainda bem conhecido. Terá funcionado como túmulo de um individuo de elevada posição social, ou tratar-se-ia apenas de um marco memorial, edificado no trajeto de funerais ou procissões.

Mais informações Memorial de Santo António.

Com transformações arquitetónicas ao longo dos séculos, a «Torre dos Mouros» mantem a sua estrutura medieval, organizada em três pisos de madeira e apenas uma entrada pelo piso térreo. Esta residência senhorial fortificada, data da baixa Idade Média, séc. XIII/XIV, e é propriedade privada.

O primeiro Mosteiro de Arouca data do século X, em pleno período da Reconquista Cristã, e apresentava-se como um pequeno cenóbio beneditino.

Mafalda, filha de D. Sancho I e neta de D. Afonso Henriques, escolheu o Mosteiro de Arouca como lugar para viver e veio gerir os destinos deste espaço eclesiástico. Nessa altura, o Mosteiro abandonou o hábito beneditino e optou pelo de Cister. A partir do ingresso de D. Mafalda, este mosteiro acolheu as filhas da mais ilustre nobreza do reino, que traziam consigo bens e dinheiro para o pagamento de propinas.

A partir de meados do século XV, a paisagem foi ganhando novos contornos. A construção mais marcante foi o Mosteiro de Arouca onde, a partir do século XIII, depois da chegada de Mafalda Sanches, se registou um enorme crescimento, atingindo o seu apogeu material e espiritual, no século XVIII, tendo em conta o novo edifício e beatificação de Dona Mafalda, em 1792.

Além disso, ao longo da Época Moderna, foram erguidos quatro pelourinhos, símbolos da autonomia municipal, e as casas senhoriais dispersas pelos vales deixaram sua marca na arquitetura privada.

Construída durante o século XVI, a Igreja matriz de Rossas sucede a uma anterior, que se localizaria nas proximidades, possivelmente no Campo da Portela, junto ao Rio Urtigosa. De características renascentistas, esta construção aproveitou a cantaria do templo anterior, de origem medieval, podendo ainda hoje observar-se siglas de canteiro nos blocos de granito da parede lateral. Estas siglas eram variadas e funcionavam como assinatura dos vários mestres-de-obra, que marcavam as suas empreitadas, e eram essenciais na contabilização dos serviços realizados, uma vez que os trabalhadores eram pagos à peça. Esta paróquia constituiu senhorio e comenda da Ordem Militar de Malta. Hoje, além dos elementos da Igreja, ainda existem os marcos que, desde o século XVII, delimitam o território que pertenceu à Comenda.

No planalto da Serra da Freita surge, discreta, nas proximidades da aldeia do Merujal, a Capela da Senhora da Laje, cuja referência, mais antiga é de 1630, no auto da demarcação da Comenda de Rossas. Entre os séculos XVII e XVIII foi construído este pequeno santuário, de forma retangular, em estilo barroco. Na envolvência encontram-se 13 cruzeiros em granito, estando o mais antigo datado de 1652, que representam freguesias de Arouca, Vale de Cambra e São Pedro do Sul.

No planalto da Serra da Freita surge, discreta, nas proximidades da aldeia do Merujal, a Capela da Senhora da Laje, cuja referência, mais antiga é de 1630, no auto da demarcação da Comenda de Rossas. Entre os séculos XVII e XVIII foi construído este pequeno santuário, de forma retangular, em estilo barroco. Na envolvência encontram-se 13 cruzeiros em granito, estando o mais antigo datado de 1652, que representam freguesias de Arouca, Vale de Cambra e São Pedro do Sul.

O Calvário de Arouca constitui uma representação do espaço onde Cristo terá sido crucificado e integra seis cruzeiros seiscentistas, junto dos quais estão implantados um púlpito cilíndrico, datado de 1643, e umas alminhas. As três cruzes no topo simbolizam no centro, a de Cristo, e as laterais aquelas em que foram crucificados os dois ladrões que o acompanharam no martírio. Deste Calvário, que assenta em afloramento granítico, fazem parte outros cruzeiros que se encontram no circuito da procissão da via-sacra, que termina neste local.

Também conhecida como «Casa Grande», este é um dos edifícios mais antigos e emblemáticos da vila de Arouca, estando a sua fachada classificada como Monumento de Interesse Municipal. O estilo Manuelino é evidente no primeiro e último corpo da casa, enquanto o outro não é passível de se enquadrar em qualquer estilo, embora seja igualmente antigo. O conjunto é rematado por uma capela do século XVIII. Na sua varanda alpendrada é possível ver-se um brasão, em estilo barroco do século XVIII, com as armas das famílias Malafaia, Pereira, Mascarenhas e Castro.

A antiga vila de Fermedo teve foral outorgado por D. Afonso III, em 1275, em cuja carta já se menciona a atribuição de um foral prévio, de data desconhecida. Em 1514, D. Manuel I concedeu novo foral. O pelourinho ergue-se no largo da antiga Casa da Câmara. De fuste liso, cilíndrico e assente num pedestal alto moldurado, no topo deste pelourinho encontra-se um esferoide que apresenta, numa das faces, um escudo nacional invertido, coroado por grinaldas.

A freguesia de Alvarenga foi, outrora, concelho com sede no lugar de Trancoso. D. Manuel I conferiu foral ao concelho de Alvarenga, a 2 de maio de 1514, que manteve esse estatuto até ao ano de 1836. Neste ano, passou a vila e, mais tarde, integrou o concelho de Arouca, resultado da reforma administrativa de Passos Manuel. Como testemunho da autonomia administrativa de Alvarenga, em 1590 foi contruído um pelourinho de pinha cilíndrica, com gola e um escudo sobre a faixa, onde consta a data de construção. Junto a este pelourinho localiza-se a antiga Casa da Câmara, cuja construção data de 1520.

A freguesia do Burgo foi vila e sede de concelho, tendo o nome de Vila Meã do Burgo. O foral foi-lhe outorgado em 1229, pela infanta D. Mafalda, coroando um longo historial de privilégios concedidos às terras junto ao Mosteiro de Arouca. Símbolo da sua autonomia administrativa, o pelourinho apresenta-se sobre dois degraus quadrangulares, com uma base em prisma octogonal de faces lisas e fuste circular liso, culminando numa pequena peanha moldurada, que suporta uma esfera achatada. A integração de Vila Meã do Burgo ao concelho de Arouca ocorreu em 1817.

O Mosteiro de Arouca funcionou, desde cedo, como centro administrativo e económico da região. As primeiras cartas de couto foram concedidas por D. Afonso Henriques, em 1132 e 1143. Mais tarde, D. Sancho I deixa o mosteiro à sua filha, D. Mafalda, que concede foral a Vila Meã do Burgo. O foral manuelino de 1513 confirmou deveres e direitos. Na sequência da concessão do foral ergueu-se o pelourinho de bola tipo manuelino, em que o capitel se encontra ladeado por dois escudos reais e culminado por uma esfera armilar.

Afonso I deu foral a Arouca em abril de 1151, confirmado por seu neto D. Afonso II, em Coimbra, em novembro de 1217. Em 20 de dezembro de 1513, D. Manuel dá novo foral a Arouca, onde confirma os deveres e direitos dos habitantes de Arouca como concelho.

A praça atual resultou da ligação de outras duas praças, a de Cima, em frente ao Mosteiro, onde se situava a igreja de São Bartolomeu e, a de baixo, em frente à Capela da Misericórdia, concluída no ano de 1612, dando o Mosteiro o terreno e algum dinheiro. À frente, no seu adro, existiu o cemitério dos Irmãos da Misericórdia. Ao lado, já durante os séculos XVIII e XIX, foi construído o edifício da Câmara e cadeia. A igreja matriz, dedicada a São Bartolomeu, foi destruída em virtude da evolução urbanística da vila de Arouca, nomeadamente a abertura da avenida. Nos inícios do século XX foi construído o chafariz como elemento central da praça.

A entrega das propriedades aos antigos foreiros do Mosteiro, a queda da Monarquia e a consequente implantação da República, perturbaram a vida comunitária a partir do século XIX. Os acontecimentos à escala global, como as Grandes Guerras, criaram, inicialmente uma grande dinâmica económica local, pois Arouca escondia sob o seu solo, um minério de grande valor, o volfrâmio.

Depois desse período, reorganizou-se o espaço urbano de Arouca e, com a instauração do regime democrático, após o 25 de abril, implementou-se o desenvolvimento do território. Em 2009, Arouca foi reconhecida como Geoparque Mundial da UNESCO.

Em Arouca, as zonas de maior extração de volfrâmio foram Alvarenga, Regoufe e Rio de Frades, onde o auge da exploração de minério terá ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945. Regista-se a particularidade de, em locais próximos, terem sido feitas concessões a companhias de dois países contendores no palco da guerra: em Regoufe a exploração era feita pela Companhia inglesa e em Rio de Frades pela Companhia Mineira do Norte de Portugal, sob administração alemā. A ambos os lugares, ocorreram muitas centenas de trabalhadores oriundos de todo o país. Ali surgiram “cidades” que nada deixavam faltar a quem lá trabalhava. Foram criadas por ambas as Companhias acessibilidades para esses locais, que, até então, apenas eram acedidos a pé ou por carros de bois, e que potenciaram o crescimento e desenvolvimento da vila de Arouca, circunscrito a um curto período.

O Rio Marialva nasce na encosta entre a os montes da Senhora de Mó e de Santa Luzia e, em tempos, correu a céu aberto pelo centro da vila de Arouca. Contudo, os avultados prejuízos causados por inundações em períodos de maior pluviosidade, com destaque para as cheias de 1929 e 1934, obrigaram ao seu encanamento. Estes trabalhos tiveram início a 27 de novembro de 1945 e terminaram a 30 de junho de 1949.

A Feira das Colheitas surgiu, em 1944, com o objetivo de valorizar a agricultura e incentivar a prática agrícola, após o seu abandono durante a II Guerra Mundial, em virtude da correria ao volfrâmio. Ao longo dos anos, a Feira das Colheitas tem promovido os produtos locais, o artesanato, as tradições, o folclore e a polifonia e é, atualmente, o maior certame municipal.

Mais informações em “Eventos”

Em 2009, Arouca foi reconhecida como Geoparque Mundial da UNESCO, o que permitiu desenvolver e implementar um conjunto de investimentos e criar diversas atrações turísticas, como centros de interpretação, plataformas de acesso a geossítios, os Passadiços do Paiva e a 516 Arouca – ponte suspensa. O Arouca Geopark alia, agora, a história da ocupação humana da região ao conhecimento geológico e da formação do território, à preservação da biodiversidade, suportadas por políticas territoriais de promoção do turismo, da cultura, da indústria, da agricultura e da floresta, criando mais e melhores condições de vida.