Geossítio 22 Minas de Regoufe
O interesse, patente nos “Manifestos de Minas”, era mais antigo, mas só em 1941 se constitui a empresa que passa a explorar as minas de Regoufe: a Companhia Portuguesa de Minas, de capitais britânicos, conhecida como “Companhia Inglesa”. Os ingleses realizaram várias melhorias na região, como a estrada que liga a Aldeia de Ponte de Telhe à exploração, a eletrificação da aldeia e a chegada do telefone. Estes investimentos não foram tão avultados como os efetuados pelos alemães em Rio de Frades, porque os britânicos não encaravam a exploração mineira como uma necessidade, mas antes como uma forma de dificultar o acesso à matéria-prima aos alemães.
A parte mais rentável da concessão inglesa em Regoufe ficou conhecida como “Poça da Cadela”, espaço imortalizado pelas várias galerias e escombreiras, e pelos cerca de 57 hectares de ruínas de edifícios da exploração. Ainda conseguimos ver as instalações técnicas e administrativas, mais a Norte, com destaque para um edifício de escritórios com dois andares. Em frente, um largo, ladeado por várias construções, ao longo da encosta, onde funcionavam as oficinas, a central elétrica e os armazéns.
Verá, ainda, com alguma facilidade, os espaços de lavaria, uma sucessão de tanques e máquinas dispostas na encosta, que fecham, mais a sul, o complexo. Do outro lado, ficaria o espaço residencial, uma espécie de bairro, de pequenos compartimentos alinhados, que seriam as casas dos mineiros. Por fim, as instalações sanitárias, o clube, a venda e até uma cavalariça.
As minas de Regoufe integram o percurso Região Mineira do Iter Hominis.
Informação Geológica
Desde o início do séc. XX que os «Manifestos de Minas» declararam numerosas áreas de interesse metalífero na região de Regoufe. A 9 de janeiro de 1915 é concedido o alvará de exploração para a «Mina de Regoufe» ou «Poça da Cadela» ao cidadão francês Gustave Thomas. O jazigo de volfrâmio e estanho (W-Sn) de Regoufe situa-se no bordo sudeste do granito, que ocorre na região onde a volframite é a mineralização mais frequente, acompanhada da ocorrência de alguma cassiterite. Ocorrem ainda alguns sulfuretos como a arsenopirite, a esfarelite, a pirite e ainda outros minerais de menor relevância tais como a bismutite, a limonite, a escorodite, a autunite e a bindheimite. Entre os minerais silicatados que suportam a mineralização, destaca-se o quartzo, seguido de alguma moscovite, berilo e apatite.
No ano de 1941, foi constituída a principal empresa de exploração de W-Sn em Regoufe, a Companhia Portuguesa de Minas, que funcionou essencialmente com capitais e administração britânicos. Ficou conhecida como a «Companhia Inglesa» e a ela se devem importantes melhorias na região, como a abertura de estrada a partir da Ponte de Telhe, a instalação de eletricidade e telefone nas minas. Contudo, os menores investimentos efetuados pela «Companhia Inglesa», comparativamente à «Companhia Alemã» (que explorava as Minas de Rio de Frades), ficaram a dever-se ao facto de os ingleses explorarem o volfrâmio não por necessidade direta da matéria-prima, mas para bloquearem o acesso dos alemães à mesma.
A mina da «Poça da Cadela» possui uma área de exploração de W-Sn de cerca de 57 ha e integra tanto as instalações técnicas e administrativas, como as residências e diversas entradas de galerias. Foi a concessão mais rentável da área mineira de Regoufe, «imortalizada» por múltiplas galerias e escombreiras espalhadas por toda esta região.
Este polo mineiro encontra-se bem demarcado espacialmente da aldeia agrícola tradicional homónima, afastada poucas centenas de metros. As ruínas monocromáticas de granito surpreendem pelo estado de abandono e destruição, conferindo a este local um estranho sossego, apenas entrecortado pelo vento e por um ou outro rebanho de cabras, que por vezes agitam as encostas e espantam o silêncio.
O núcleo do complexo mineiro, onde as construções curiosamente alternam com as bocas de diversas minas, encontra-se disposto em anfiteatro, à volta de uma área relativamente plana, por onde correm uma pequenas linhas de água que drenam as galerias. Do lado Norte e Nordeste, concentram-se as instalações técnicas e administrativas, destacando-se o edifício de dois andares onde funcionaram os escritórios, o qual dominava uma espécie de largo ou de praceta superior, envolvido por diversas construções espalhadas pela encosta e destinadas a oficinas, central elétrica, armazéns, entre outras. As instalações da lavaria, sucessão de tanques e maquinaria dispostas na encosta são praticamente as últimas do complexo, a Sudoeste. No lado oposto, a Nascente, a maior parte das construções tinham carácter residencial, destacando-se sobretudo o «bairro» de pequenos compartimentos, alinhados em notória extensão e dispostos em dupla plataforma, que constituíam as «casas dos mineiros». Por último, é ainda possível identificar as instalações sanitárias, o «clube», a «venda» e até uma pequena cavalariça.