Geossítio 22 Minas de Regoufe
Ouro negro para os ingleses…
As Minas de Regoufe terão iniciado a sua exploração em 1915 com o francês Gustave Thomas. Já durante a Segunda Guerra Mundial, em 1941, foi constituída a Companhia Portuguesa de Minas, cuja gestão era feita com capitais e administração britânicos. A “Companhia Inglesa”, como ficou conhecida, promoveu vários melhoramentos na região, tais como a ligação rodoviária desde o lugar de Ponte de Telhe, a eletrificação da aldeia e a linha telefónica.
A parte mais rentável da concessão inglesa em Regoufe ficou conhecida como “Poça da Cadela”, espaço imortalizado pelas várias galerias e escombreiras, e pelos cerca de 57 hectares de ruínas de edifícios da exploração. Atualmente ainda conseguimos observar as instalações técnicas e administrativas, mais a Norte, com destaque para um edifício de escritórios com dois andares. Em frente, um largo, ladeado por várias construções, ao longo da encosta, onde funcionavam as oficinas, a central elétrica e os armazéns. Com alguma facilidade identificam-se também os espaços de lavaria, uma sucessão de tanques e máquinas dispostas na encosta, que fecham, mais a sul, o complexo. Do lado oposto ficaria o espaço residencial, uma espécie de bairro, de pequenos compartimentos alinhados, que seriam as casas dos mineiros. Por fim, as instalações sanitárias, o clube, a venda e até uma cavalariça.
As entradas das galerias mineiras subterrâneas surgem, camufladas, a ladear os edifícios. Por questões de segurança não se deve entrar e progredir ao longo destas. Por aqui embrenharam-se centenas de homens em busca de volfrâmio, minério mais frequente, obtido a partir de minerais de volframite conhecido como “ouro negro”. Os registos dão conta que a região chegou a albergar mais de mil trabalhadores.
As minas de Regoufe integram o percurso Região Mineira do Iter Hominis. Ao realizar os percursos pedestres geoturístico PR13 e PR14 é possível conhecer este geossítio que é, também, palco da prova “Ultra Trail da Serra da Freita”.
Este geossítio faz parte do Itinerário B: Pelas minas e recantos desconhecidos do Paiva.
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Informação Geológica
O granito de Regoufe é um pequeno plutão com uma extensão de afloramento de aproximadamente 6 km2 com uma geometria circular, ligeiramente alongada numa direcção NW-SE. O granito apresenta uma textura porfiroide de grão médio a grosseiro, principalmente moscovítico com presença de megacristais de feldspato potássico dispersos. As fases finais da intrusão granítica caracterizam-se pela circulação de fluidos hidrotermais que permitiram a precipitação de minerais W-Sn em veios de quartzo, que foram sujeitos a exploração, por meio de sistemas de galerias.
No caso do jazigo de Regoufe, a volframite é o minério mais frequente, ocorrendo também alguma cassiterite. Também se identificaram alguns sulfuretos sendo arsenopirite o principal, a esfarelite (frequente nos filões de quartzo) e, menos abundante a pirite.
Junto às galerias e nas áreas de maquinaria encontram-se os materiais residuais da atividade mineira, compostos por material de diferentes calibres, desde grandes blocos graníticos e areias de diferentes granulometrias. Uma grande parte dos detritos da atividade aparece em alguns casos solta, preenchida principalmente nos vales onde corre água intermitente.
A avaliação do impacte ambiental da atividade mineira em Regoufe tem sido desenvolvida em vários trabalhos de investigação, nos últimos 20 anos, utilizando dados geológicos, geoquímicos (água, solo e matéria orgânica) e geofísicos para determinar o potencial de contaminação e as áreas afetadas.